EU LAMENTO AS FLORES
Eu lamento as flores em botão quebradas
Que uma manhã mortas no apogeu achou
Lamento os amores que deram em nadas
E o meu coração que ninguém abrigou:
Chegaste, partiste - como eu o sabia.
Tive a ideia exacta, não abri a boca:
À eterna inércia duma dor sombria ,
Regressei, vencida essa fase louca.
Tal uma avezinha no calmo relento
De súbito acorda porque o céu clareou;
E entra em chilreios, julgando “isto é dia”
Mas, inda os olhitos não bem descerrou
Já de novo é escuro, e vem um lamento
passar marulhando entre a ramaria.
WILLEM KLOOS
(1859-1938)
Países Baixos
TRAD.: FERNANDO VENÂNCIO
ROSA DO MUNDO
2001 poemas para o futuro
Assírio & Alvim
3ª edição
2001
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