quinta-feira, agosto 31, 2006

José Joaquín Passos

QUATRO


Fechando estou meu corpo com as quatro paredes,
nas quatro janelas que teu corpo me abriu.
Estou a ficar só com meus quatro silêncios:
o teu, o meu, o do ar, o de Deus.

Vou descendo tranquilo por minhas quatro escadas,
vou descendo por dentro, muito dentro de eu,
onde estão quatro vezes quatro campos enormes.
Por dentro, muito dentro, - que vastidão eu sou!

E que pequena és tu com teus quatro reais,
com teus quatro vestidos feitos em Nova Iorque.
Vais ficando despida e pobre ante meus olhos;
quatro vezes te quis; quatro vezes já não.

Estou a fechar minha alma, já não espreito a ver-te,
já não te vejo o ar que meu amor te dera;
vou descendo tranquilo com meus quatro carinhos:
o outro, o meu, o do ar, o de Deus.


José Joaquín Passos
Nicarágua
(1914-1947)
TRAD.: JOSÉ BENTO
Rosa do Mundo
2001 POEMAS PARA O FUTURO
Assírio & Alvim

Sem comentários: