Não me recordo
Não me recordo se havia alguma flor
no meu jardim.Talvez fosse Verão
mas todas as manhãs,
ao acordar,
inexplicavelmente sentia saudades de mim.
Só sei chorar em português. Se minha mãe
soubesse
Como detesto os meus brinquedos de criança.
Talvez fosse Verão, e houvesse flores.
Eu é que não fui um jardim na minha infância.
Todos os astros se perderam no infinito.
Que saudades eu sinto de não ter sido um outro.
Talvez fosse Verão, sei lá, e houvesse flores.
Só eu não fui ninguém entre o meu ser
e o sonho de outro.
Heitor Aghá Silva
nove rumores do mar
antologia de poesia açoreana contemporânea
terça-feira, agosto 15, 2006
Heitor Aghá Silva
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Heitor Aghá Silva nasceu em 1954 na Horta, Faial, Açores.
Coordenador do suplemento cultural AntĂlia do jornal «O
Telégrafo», publicou os volumes «Na Raiz da Boca» (Horta,
1989) e «Arqueologia da Palavra» (Horta, 1991), estando
incluĂdo na antologia de poesia açoriana contemporânea
organizada por Eduardo Bettencourt Pinto, «Nove Rumores
do Mar» (Instituto Camões, 3ª. edição, 2000).
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