sábado, agosto 26, 2006

Rainer Maria Rilke

Existirá de facto o tempo, o que destrói?
Na montanha em repouso, quando desfaz o burgo?
E o coração? - Sempre dos deuses foi,
quando é que o violenta o demiurgo?

Seremos nós tão frágeis de ansiedade,
como o destino o diga, - ou nos iluda?
Será a infância, a funda, a promissora idade,
nas raĂzes - mais tarde - apenas muda?

Ah, o fantasma que o transitório habita,
atravessa o coração desprevenido,
como se apenas fumos que deslizam.

Quando o que somos, se nos precipita,
e às forças permanentes é servido,
como aquilo que os deuses utilizam.


Rainer Maria Rilke
Os Sonetos a Orfeu de Rainer Maria Rilke
Tradução de Vasco Graça Moura

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