quinta-feira, novembro 09, 2006

"Selecta Franceza"

Versos de seis syllabas

6 - LA CAPTIVE

Si je n'étais captive,
J'aimerais ce pays,
Et cettemer plaintive,
Et ces champs de maïs,
Et ces astres sans nombre,
Si le long du mur sombre
N'étincelait dans l'ombre
Le sabre des spahis...

Pourtant j'aime une rive
Où jamais des hivers
Le souffie froid n'arrive
Par des vitraux ouverts.
L'été, la pluie est chaude,
L'insecte vert qui rĂ´de
Luit, vivante émeraude,
Sous les brins d'herbe verts.

Smyrne est une princesse
Avec son beau chapel (1);
L'heureux printemps sans cesse
Répond à son appel;
Et, comme un riant groupe
De fleurs dans une coupe,
Dans ses murs se découpe
Plus d'un frais archipel.

J'aime ces tours vermeilles,
Ces drapeaux triomphants,
Ces maisons d' or, pareilles
A des jollets d'enfants;
J'aime, pour mes pensées
Plus mollement bercées,
Ces tentes balancées
Au dos des éléphants.

Dans ce palais de fées,
Mon coeur, plein de concerts
Croit, aux voix étouffées
Qui viennent des déserts,
Entendre les génies
Mêler les harmonies
Des chansons infinies
Qu'ils chantent dans les airs!...

Mais surtout, quand la brise
Me, touche en voltigeant,
La nuit, j'aime être assise,
Etre assise en songeant,
L'oeil sur la moer profonde,
Tandis que, pâle et blonde,
La lune ouvre dans l'onde
Son éventail d' argent.


V. HUGO - Les Orientales
(1) - Au XII siècle ou disait: chapel pour chapeau (chapeo)


Selecta Franceza
por C. Delacruz Vidal e a collaboração de
Luiz Fillipe Leite
Imprensa de Lucas Evangelista Torres
1893

1 comentário:

Anónimo disse...

VICTOR HUGO

Besançon, 1802 - Paris, 1885

Escritor francês. Neste escritor, figura máxima do romantismo francês, conjugam-se felizmente uma imaginação rica e poderosa, um domínio perfeito do idioma tanto em prosa como em verso e uma fecunda longevidade. Filho de um militar napoleónico, interessa-se pela literatura desde muito jovem. Entre os vinte e os vinte e quatro anos publica vários volumes de poesia e aborda o género romanesco com Hans da Islândia.

No prefácio do drama Cromwell (1827) expõe uma teoria teatral resolutamente oposta à classicista. Na mesma época instala-se em França a batalha romântica, que é ao mesmo tempo literária e política, dado que os classicistas são liberais e os românticos partidários da monarquia. Em 1830 estreia-se Hernâni, drama anticlássico de ambiente espanhol que dá a vitória à facção romântica e difunde os seus princípios de liberdade formal. Nos anos seguintes Hugo insiste nesta linha teatral (O Rei Diverte-se, Lucrécia Bórgia, Rui Blas).

Ao mesmo tempo que o teatro, cultiva paralelamente a poesia (Orientais, As Folhas de Outono, Os Cânticos do Crepúsculo) e a narrativa. Neste último campo sobressai sobretudo o romance histórico Nossa Senhora de Paris, no qual ressuscita com poderosa imaginação a Paris do século xv; é a obra que mais popularidade lhe dá. Em 1841 é eleito membro da Academia.

Ao chegar ao poder Napoleão III, em 1848, Victor Hugo exila-se e permanece fora de França até à queda do Império, em 1870. Durante estes vinte e dois anos escreve as suas obras-primas. Em 1859 publica a primeira série de A Lenda dos Séculos, em que aborda a poesia épica. Trata-se de um vasto fresco em que descreve toda a história da humanidade; é uma obra titânica e deslumbrante, repleta de imensidade e de caos. Seguem-se três obras importantes no campo do romance: Os Miseráveis, narração de carácter social em que o misticismo, a fantasia e a denúncia das injustiças formam uma trama complexa, Os Trabalhadores do Mar, evocação da trágica luta do homem e do oceano, e O Homem Que Ri, situado na dimensão do horror.

Em 1870, com sessenta e oito anos, inicia um período sumamente produtivo que dura quinze anos. Cabe destacar nele o romance Noventa e Três e a segunda e terceira parte de A Legenda dos Séculos. Após a sua morte, com oitenta e três anos, publica-se toda uma série de obras póstumas. As grandiosas exéquias públicas de Victor Hugo são uma homenagem das gentes do seu século, as quais representa literariamente nas suas contradições, nas suas paixões, nos seus defeitos e na sua grandeza. (Vidas Lusófonas?)