Ninguém se aproxima de ninguém se não for num murmúrio,
entre flores altas: camélias de ar
espancado, as labaredas dos aloés erguidas
de uma carne difícil.
A beleza que devora a visão alimenta-se da desordem.
O espaço brilha dela, sussurra quando passa por uma imagem
tão leve que não suporta o peso
brusco
do sangue - as veias da garganta contra a boca.
HERBERTO HELDER (1930)
Poesia Toda
Poemário 2005
Assírio & Alvim
1 comentário:
Herberto Helder, inserido no contexto da sua geração, Ă© um poeta que se integra no amplo contexto da cultura poĂ©tica universal. O seu universo poĂ©tico autonomiza-se e apresenta caracterĂsticas muito prĂłprias.
Herberto Helder é considerado uma das figuras mais importantes da poesia experimental ou concreta, bem como um dos seus principais cultores. É classificado como poeta visionário e órfico e detém um lugar cativo na poesia surrealista portuguesa. Pode, deste modo, constatar-se que a obra de Herberto Helder é complexa e, sem dúvida, uma das mais altas expressões da poesia portuguesa contemporânea.
Considerado por muitos como um poeta fascinante, com um enorme poder encantatĂłrio, Herberto Helder tem, no entanto, uma posição paradoxal na Literatura portuguesa, apresentando-se como um poeta obscuro, insuficientemente estudado pela crĂtica e ausente de manifestações culturais de natureza oficial.
Autoria: Bárbara Sofia Tavares da Silva
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