sábado, junho 10, 2006

Herberto

Ninguém se aproxima de ninguém se não for num murmúrio,
entre flores altas: camélias de ar
espancado, as labaredas dos aloés erguidas
de uma carne difícil.
A beleza que devora a visão alimenta-se da desordem.
O espaço brilha dela, sussurra quando passa por uma imagem
tão leve que não suporta o peso
brusco
do sangue - as veias da garganta contra a boca.


HERBERTO HELDER (1930)
Poesia Toda
Poemário 2005
Assírio & Alvim

1 comentário:

Anónimo disse...

Herberto Helder, inserido no contexto da sua geração, é um poeta que se integra no amplo contexto da cultura poética universal. O seu universo poético autonomiza-se e apresenta características muito próprias.

Herberto Helder é considerado uma das figuras mais importantes da poesia experimental ou concreta, bem como um dos seus principais cultores. É classificado como poeta visionário e órfico e detém um lugar cativo na poesia surrealista portuguesa. Pode, deste modo, constatar-se que a obra de Herberto Helder é complexa e, sem dúvida, uma das mais altas expressões da poesia portuguesa contemporânea.

Considerado por muitos como um poeta fascinante, com um enorme poder encantatório, Herberto Helder tem, no entanto, uma posição paradoxal na Literatura portuguesa, apresentando-se como um poeta obscuro, insuficientemente estudado pela crítica e ausente de manifestações culturais de natureza oficial.


Autoria: Bárbara Sofia Tavares da Silva