os eventuais meninos perdidos
vagueiam
vagueiam entre vários mundos
de olhos fechados
os corpos abandonam-se
eventualmente
os corpos dos meninos
eventualmente
perdidos entre limbos e
infernos
são sombras opacos nos
nossos olhos
as sombras opacas dos
meninos perdidos
apunhalam os nossos olhos
eventualmente
m.f.s.
conta-me histórias de terror
das que arrepiam as articulações
histórias às cores fantasmagóricas
com suaves ectoplasmas
com muito ketchup
negrumes pelos cantos
e abismos
conta-me histórias de plástico
americano com perucas perfuradas
babas luminescentes
suspensas nas teias
pré-fabricadas
vítimas deliciadas
carrascos amedrontados
conta-me a versão revista e ampliada
da menina de capuz
sanguinolento
dentes de loba
adolescente
vestidinho de boneca
assassina
diz-me como foi
que ela conseguiu
escapar à feroz avozinha
conta-me tudo
com muitos pormenores
não te enganes na sequência
que te farei repetir tudo
até o arrepio voltar
m.f.s.
1 comentário:
Gostei muito destes poemas. NĂŁo estava consciente de mais esta faceta...
Mesmo fora do "clube", vieram-me à memória, estas duas definições do que é ser poeta...
Ser Poeta Ă© ser mais alto, Ă© ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E nĂŁo saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
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O poeta Ă© um fingidor.
Finge tĂŁo completamente
Que chega a fingir que Ă© dor
A dor que deveras sente.
E os que lĂŞem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
NĂŁo as duas que ele teve,
Mas sĂł a que eles nĂŁo tĂŞm.
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