sábado, julho 15, 2006

Sem pretensões a entrar no clube dos poetas vivos ou mortos

os eventuais meninos perdidos
vagueiam

vagueiam entre vários mundos
de olhos fechados

os corpos abandonam-se
eventualmente

os corpos dos meninos
eventualmente

perdidos entre limbos e
infernos

são sombras opacos nos
nossos olhos

as sombras opacas dos
meninos perdidos

apunhalam os nossos olhos
eventualmente

m.f.s.


conta-me histórias de terror
das que arrepiam as articulações
histórias às cores fantasmagóricas
com suaves ectoplasmas
com muito ketchup
negrumes pelos cantos
e abismos

conta-me histórias de plástico
americano com perucas perfuradas
babas luminescentes
suspensas nas teias
pré-fabricadas
vítimas deliciadas
carrascos amedrontados

conta-me a versão revista e ampliada
da menina de capuz
sanguinolento
dentes de loba
adolescente
vestidinho de boneca
assassina
diz-me como foi
que ela conseguiu
escapar à feroz avozinha

conta-me tudo
com muitos pormenores
não te enganes na sequência
que te farei repetir tudo
até o arrepio voltar


m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito destes poemas. NĂŁo estava consciente de mais esta faceta...
Mesmo fora do "clube", vieram-me à memória, estas duas definições do que é ser poeta...

Ser Poeta Ă© ser mais alto, Ă© ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E nĂŁo saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
....................................

O poeta Ă© um fingidor.
Finge tĂŁo completamente
Que chega a fingir que Ă© dor
A dor que deveras sente.

E os que lĂŞem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
NĂŁo as duas que ele teve,
Mas sĂł a que eles nĂŁo tĂŞm.
...........................