sábado, julho 15, 2006
Luiza Neto Jorge
A CABEÇA EM AMBULÂNCIA
Há feridas cíclicas há violentos voos
dentro de câmaras de ar curvas
feridas que se pensam de noite
e rebentam pela manhã
ou que de noite se abrem
e pela amanhã são pensadas
com todos os pensamentos
que os órgãos são hábeis
em inventar como pensos
ligaduras capacetes
sacramentos
com que se prende a cabeça
quando ela se nos afasta
quando ela nos pressente
em síncope ou desnudamento
ou num erro mais espaçoso
ou numa letra mais muda
ou na sala de tortura
na sala escura,
de infância.
Luiza Neto Jorge
O seu a seu tempo
poesia
organização e prefácio de
Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim
2ª edição
2001
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