A MONTANHA ÚNICA
“o escravo não permanece sempre na casa
mas o filho aàpermanece”
Do Evangelho de João (8,35)
Em algum momento fomos simultâneos
como dois corpos tombando na água
passávamos por portas diferentes
de forma que se prestava a tamanhas confusões
nossos gestos equivaliam-se com precisão
quando um estendia um pano de púrpura
o outro pousava um pano escarlate
quando um erguia a sua lâmpada
dir-se-ia a mesma mais além a ser erguida
com os vasos idênticos
e os reservados aromas da oblação
Entre as duas tábuas de pedra
a montanha única ardia em fogo
até ao céu
José Tolentino de Mendonça
(inédito)
mAGAZINE artes
Número 4
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