DE AMOR
Falar da paixão
mais do que o sangue
Mais do que o fogo
trazido ao coração
Mais do que a rosa acesa
só por dentro
revolvendo no peito
a ponta de um arpão
Falar da febre sem fé
do animal feroz
Dos líquenes abertos
e dos lírios
Falar desassossego sem razão
uma raiva que silva
no delírio
Contar quanto dói a dor
no peito
Quanto é contraditória
esta prisão
que me faz ficar livre no que sinto
e logo envenenada à tua mão
Maria Teresa Horta
DESTINO
QUETZAL
Editores
1998
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