sexta-feira, dezembro 29, 2006

rosas

Isso é que era uma vida!

Faço o meu ninho na axila
do homem com o elmo de ouro. Se ele anda
eu imóvel ando também. Se ele dobra
o corpo eu em pé faço o mesmo.
Se ele come o p?o com o suor do seu rosto
eu perturbada pelos aromas deito-me-lhe
debaixo do braço viril.
A sua conversa Sim N?o é obviamente sempre
a minha. N?o semeies n?o colhas: Para qu?
se ele me dá de comer e vestir! E
nada mais exige em troca do que a sua dose diária
de rosas sem espinhos lhe teço a coroa
chilreando ? volta da divina cabeça.

Ulla Hahn
A sede entre os limites
Vers?o de Jo?o Barrento
Relógio d´Água


PARA AS ROSAS

Para as rosas, escreveu alguém,
o jardineiro é eterno.
E que melhor maneira de ferir o eterno
que mofar das suas iras?

Eu passo, tu ficas;
mas eu n?o fiz mais que florir e aromar,
servi a donas e a donzelas, fui letra de amor,
ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio
arbusto, e todas as m?os, e todos os olhos me trataram
e me viram com admiraç?o e afeto.

Tu n?o, ó eterno;
tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te!
A tua eternidade n?o vale um só dos meus minutos.

Machado de Assis
Brasil-1839-1908


Cor de Laranja e Ouro

Quarto aberto para o vazio
Cheiro a poeira
Pétalas emurchecidas redesenhando o lençol
que encobre o teu corpo
libertado.
Tu és vertigem e abandono...

A tempestade rebenta.
Inunda-te, cega-me.
Curvo-me sobre o teu rosto
resplandecente
como se tecido no irreal.
Com a alma ferida eu choro.

E as chuvas enfurecem-se,
surpreendendo o lugar cor de laranja e ouro.
Aí permaneço no declive do infinito.
As sombras estremecem.
Eu Vigio...

Mas do fundo do abismo o Oceano levanta-se
Roçando o sol com cortinas de areia
afastando o horizonte
os mitos da morte.

Devo reencontrar o tecido dos sonhos
a chave da aurora
E derramar sobre o teu corpo a ess?ncia das rosas
A Rosa de Vida do país Cor de Laranja e Ouro.

Alice Machado
Horas Azuis

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