ALGUÉM CORRE. UMA PESSOA QUALQUER
corre, foge, tropeça cai
fica no chão. Lábios e língua
movem a última imagem,
alguém, o seu próprio nome.
(Na nuca a mão na mão um revólver na cabeça uma bala.)
Que dia era aquele?
Cheiro a pó?
Bruno Weinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
tradução colectiva
UM NOME PARA TI
um som que te faz ser quando precisares de ti
Para ti uma grafia uma sílaba mais forte
como rosto cabelo andar as pequenas manias
Com o teu nome existes Foste já
inventado para o macio aconchego
da pele ainda não presente
Bruno Weinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
tradução colectiva
UMA VOZ COMEÇA E EXPANDE-SE
pelas tuas páginas A sombra que ignoras
vai avançando lenta O que refresca a pele
gostaria também de as folhear (pões a mão no livro)
A sombra alcança-te agora Não te incomoda
Mesmo sem solo teu sabor agrada Ă s palavras
bela e fresca e tão curiosa
Bruno Weinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
tradução colectiva
TALVEZ SEM MEDO
estás deitada de costas com as mãos para trás
rendida ao poder do sono
É o teu sonho mas como
tantas coisas ele une entre si
o que também não conheces
nem tu nem as coisas
Uma sombra que só eu vejo
atravessa a janela tomba
e continua a voar
Bruno Weinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
tradução colectiva
PAÍS DO MEIO-DIA
Atravessado pelo zumbido de um único ruído de carros
e pela música infinda de uma estação de rádio
o vazio do meio-dia
A cidade uma configuração constituída
por rede de aço e estruturas de betão
Atrás das gruas brilha
a água da bacia portuária
indolente em todas as cores de óleo usado
As ruas varridas
pelo sol recozidas
O apressado asfalto da cidade
um caminho de fuga
para a paisagem pedregosa
Uma língua quente rasga o corpo em suor
As cores são pó
não pó
são pedras
Bruno Wheinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
e outros poemas
Tradução colectiva
DÁDIVA MATINAL
Um beijo
e estas palavras
ao teu ouvido
na tua boca
possa este peso imposto
ser-te leve
Bruno Wheinhals
Uma Conversa Passa Pelo Papel
e outros poemas
Tradução colectiva
1 comentário:
Bruno Weinhals nasceu a 8 de maio de 1954 em Horn, na Baixa �ustria. Cursou Estudos de Tradução (Inglês e Italiano) na Universidade de Viena. Vive em Viena. Escreve prosa, contos, ensaios, poemas e peças de teatro.
Die Entdecker (Os Descobridores). Vinte e seis poemas e uma Suite. Viena, Edition Maioli, 1983.
Alle Namen der Welt (Todos os Nomes do Mundo). HistĂłrias de aventuras. Viena, Edition Maioli, 1984.
Lektüre der Wolken (Leitura das Nuvens). Poemas/ Ensaio. Mödling/ Viena, edition umbruch, 1992.
Journal des Eigensinns/ Jurnalul îndaratniciei (Diário da Obstinação). Tradução, Prefácio e Notas de Peter Sragher. Bilingue. Bucareste, Editura Kriterion, 1998.
Traduttore Traditore (Tradutor Traidor). Poema/ Tradução/ Variação/ Improvisação. Maastricht/ Banholt, Im Bonnefanten, 2000.
Fabulierbuch (Livro de Contos) Prosa/ Ensaio. Klagenfurt/ Viena, Ritter Verlag, 2000.
Uma conversa passa pelo papel e outros poemas. Tradução colectiva (Mateus, Outubro de 1998). Revista, completada e apresentada por Maria Teresa Dias Furtado. Lisboa, Quetzal Editores, 2000.
Wassernährendes Feuer (Fogo que Alimenta a �gua). Poemas. Maastricht/ Banholt, In de bonnefant, 2001.
Bericht von der Insel (RelatĂłrio da Ilha). Prosa. Maastricht/ Banholt, In de bonnefant, 2002.
A sua peça Fingersatz (Dedilhação), 12 Cenas, foi estreada a 1996 na Schauspielhaus Kiel.
(Bruno Weinhals, e-books)
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