terça-feira, dezembro 12, 2006

Miguel Correia

Vem ao jardim escuro da montanha
onde ferve a rocha negra o cântico forte
a deusa que distribui em trunfo
salmos imaginação e copas
vem passear por ruínas
a eterna veste sonhada
enquanto insectos na estação quietos
roem o armário da imudável beleza
porque arde o sol no labirinto verde
e o corpo é flor que ganha espinhos
e se despe em tempestade
em incêndio de cidades muradas
campos de batalha e nevoeiro
sacie estradas como pétalas de prata
meu pisado amor todos os dias
vem dormir na areia negra nossa
onde aos saciados ossos
nasce uma onda estival e primitiva
a obra que sendo arte nos vandaliza
e ante nós se abre como imago colorido

Miguel Correia
Lugar Comum
Tríptico
101 noites

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