quinta-feira, setembro 27, 2007

Kazimir Malevitch



Banhistas, datação falsa: oficialmente 1908,
na realidade cerca de 1930
Óleo sobre tela, 59 x 48 cm
Sampetersburgo, Museu Russo



Banhista, 1911
Guache sobre papel, 105 x 69 cm
Amesterdão, Museu Stedelijk



Cabeça de jovem camponesa, 1912-1913
Óleo sobre tela, 80 x 95 cm
Amesterdão, Museu Stedelijk



Quadrângulo (geralmente apelidado "Quadrado negro Sobre Fundo Branco"), 1915
Óleo sobre tela, 79 x 79 cm
Moscovo, Galeria Tretiakov

O olho que vê tudo
1912-1914

Estala a revolta em Moscovo entre 1912 e 1913. O
Vanguardismo russo insurge-se contra o invasor,
quer seja fauve, cubista, futurista quer
venha do «Die Brücke» ou do «Blaue Reiter».
«É só depois de ter tomado consciência dos seus
recursos orientais, depois de se ter reconhecido
como asiática, que a arte russa entrará numa fase
nova e rejeitará o jugo vergonhoso e absurdo da
Europa, a Europa que nós já há muito
ultrapassámos», clama Benedikt Livchits no
«Arqueiro com Um Olho e Meio». Larionov faz coro:
«Somos contra o Ocidente que vulgariza as nossas
formas orientais...» Ao fundar o Raionismo,
movimento futurizante no qual o seguem Gontcharova,
Chetchenko, Ledentu e outros pintores, Larionov
pretende demarcar-se do movimento futurista italiano.
Quando Marinetti vai à Rússia, no início de 1914,
Larionov e Klebnikov mostram-se muito hostis à sua
ida, e para mostrar bem que eles fazem «outra coisa»,
baptizar-se-ão Futurianos ou Cubo-Futuristas.
Malevitch, por seu lado, não tem problemas
nacionalistas. Está demasiado consciente da cultura
asiática que nele está entranhada
para temer a influência da Europa. Pelo contrário,
ele. entende por bem não se privar dela, quer venha
de Paris quer de outro lugar, pois o seu único
objectivo é criar uma «arte universal»,
embora permanecendo enraizado no seu universo russo.
Já abandonou o Neo-Primitivismo, e as suas relações
com Larionov degradam-se.
O Raionismo não lhe interessa nada, e na exposição
«O Alvo», na Primavera de 1913, com obras marcadas
pelo Cubismo, Malevitch destoa no meio dos neoprimi-
tivistas e dos raionistas e ao mesmo tempo lança-se
para novos horizontes, onde irá fazer de chefe-de-fila
de um novo Vanguardismo russo. Não está sozinho e
aproxima-se dos futuristas que se reúnem em
Sampetersburgo, em casa de Matiuchine e Elena Guro.
Os poetas Alexis Krutchenik e Velimir Klebnikov,
a pintora Olga Rozanova, fazem parte dos membros mais
activos. Com Vladimir Maiakovski, os irmãos Burliuk e
Vassili Kamenski, que têm por base Moscovo, vão formar
um movimento futurista, rico e variado. Sob a assinatura
de David Burliuk, Krutchenik, Maiakovski e Klebnikov
vão publicar um violento manifesto intitulado «Bofetada
ao Gosto Público», que fará sensação: «Só nós somos
o rosto do nosso tempo... o passado é tacanho. A Academia
e Puchkine são mais incompreensíveis do que os
hierógiifos!»
A força de aplicar à letra o princípio de Cézanne,
que pretende que se geometrize tudo, Malevitch
apercebe-se de que quanto mais desenvolve esta análise
geométrica e quanto mais as obras que daí resultam
explodem, mais elas se tornam abstractas.
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Gilles Néret
Kazimir Malevitch
1878-1935
eo Suprematismo
Taschen

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom o post! Continue postando arte!