CANÇÃO DA MANHÃ
como os estranhos pássaros nascidos em tua boca
como os rios que te correm entre os olhos
como as esmeraldas que formam as asas dos teus ombros
como os longos ramos da árvore do sono do teu braço
como o grande espaço em que o teu corpo repousa
deitado na tua própria mão
como a tua sombra idêntica à nuvem
que se encontra com o mar
assim é a presença que de ti tenho
nas noites em que o fogo se acende
nas montanhas longínquas e fulgurantes
quando os meus passos me projectam
para os mais elevados cumes solitários
quando o sangue canra
através do aço vibrante do meu corpo
levando-me ao longo do caminho de flores rubras
que tu plantaste
assim é o desejo de te encontrar
nascida nas minhas mãos
erguida como torre duma catedral perdida
envolta na minha boca
caminhando comigo
pela estrada que nossos pés abrirão triunfantes
MÁRIO HENRIQUE LEIRIA (1923-1980)
A Única Real Tradição Viva
Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa
(organização de Perfecto E. Cuadrado)
sábado, setembro 29, 2007
sexta-feira, setembro 28, 2007
Hélder Batista
EUA: Escultor Hélder Batista vence grande prémio de medalha
O escultor português Hélder Batista, de 75 anos, venceu o grande prémio do congresso da Federação Internacional de Medalhística, que está a decorrer nos Estados Unidos, tendo sido escolhido entre 150 artistas seleccionados.
O escultor venceu aquela que é considerada a maior distinção na arte da medalhística com a medalha comemorativa dos 50 anos da Igreja Paroquial de Santo António de Moscavide, de 2006 e cunhada em bronze.
Hélder Batista, nascido em Vendas Novas em 1932, formou-se na Casa Pia de Lisboa e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
É autor de várias esculturas em locais públicos em Lisboa, Funchal, Oeiras e Montemor-o-Novo.
Expõe individualmente desde 1968 em Portugal e no estrangeiro.
Diário Digital / Lusa
21-09-2007 19:01:54
O escultor português Hélder Batista, de 75 anos, venceu o grande prémio do congresso da Federação Internacional de Medalhística, que está a decorrer nos Estados Unidos, tendo sido escolhido entre 150 artistas seleccionados.
O escultor venceu aquela que é considerada a maior distinção na arte da medalhística com a medalha comemorativa dos 50 anos da Igreja Paroquial de Santo António de Moscavide, de 2006 e cunhada em bronze.
Hélder Batista, nascido em Vendas Novas em 1932, formou-se na Casa Pia de Lisboa e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
É autor de várias esculturas em locais públicos em Lisboa, Funchal, Oeiras e Montemor-o-Novo.
Expõe individualmente desde 1968 em Portugal e no estrangeiro.
Diário Digital / Lusa
21-09-2007 19:01:54
quinta-feira, setembro 27, 2007
Kazimir Malevitch
Banhistas, datação falsa: oficialmente 1908,
na realidade cerca de 1930
Óleo sobre tela, 59 x 48 cm
Sampetersburgo, Museu Russo
Banhista, 1911
Guache sobre papel, 105 x 69 cm
Amesterdão, Museu Stedelijk
Cabeça de jovem camponesa, 1912-1913
Óleo sobre tela, 80 x 95 cm
Amesterdão, Museu Stedelijk
Quadrângulo (geralmente apelidado "Quadrado negro Sobre Fundo Branco"), 1915
Óleo sobre tela, 79 x 79 cm
Moscovo, Galeria Tretiakov
O olho que vê tudo
1912-1914
Estala a revolta em Moscovo entre 1912 e 1913. O
Vanguardismo russo insurge-se contra o invasor,
quer seja fauve, cubista, futurista quer
venha do «Die Brücke» ou do «Blaue Reiter».
«É só depois de ter tomado consciência dos seus
recursos orientais, depois de se ter reconhecido
como asiática, que a arte russa entrará numa fase
nova e rejeitará o jugo vergonhoso e absurdo da
Europa, a Europa que nós já há muito
ultrapassámos», clama Benedikt Livchits no
«Arqueiro com Um Olho e Meio». Larionov faz coro:
«Somos contra o Ocidente que vulgariza as nossas
formas orientais...» Ao fundar o Raionismo,
movimento futurizante no qual o seguem Gontcharova,
Chetchenko, Ledentu e outros pintores, Larionov
pretende demarcar-se do movimento futurista italiano.
Quando Marinetti vai à Rússia, no início de 1914,
Larionov e Klebnikov mostram-se muito hostis à sua
ida, e para mostrar bem que eles fazem «outra coisa»,
baptizar-se-ão Futurianos ou Cubo-Futuristas.
Malevitch, por seu lado, não tem problemas
nacionalistas. Está demasiado consciente da cultura
asiática que nele está entranhada
para temer a influência da Europa. Pelo contrário,
ele. entende por bem não se privar dela, quer venha
de Paris quer de outro lugar, pois o seu único
objectivo é criar uma «arte universal»,
embora permanecendo enraizado no seu universo russo.
Já abandonou o Neo-Primitivismo, e as suas relações
com Larionov degradam-se.
O Raionismo não lhe interessa nada, e na exposição
«O Alvo», na Primavera de 1913, com obras marcadas
pelo Cubismo, Malevitch destoa no meio dos neoprimi-
tivistas e dos raionistas e ao mesmo tempo lança-se
para novos horizontes, onde irá fazer de chefe-de-fila
de um novo Vanguardismo russo. Não está sozinho e
aproxima-se dos futuristas que se reúnem em
Sampetersburgo, em casa de Matiuchine e Elena Guro.
Os poetas Alexis Krutchenik e Velimir Klebnikov,
a pintora Olga Rozanova, fazem parte dos membros mais
activos. Com Vladimir Maiakovski, os irmãos Burliuk e
Vassili Kamenski, que têm por base Moscovo, vão formar
um movimento futurista, rico e variado. Sob a assinatura
de David Burliuk, Krutchenik, Maiakovski e Klebnikov
vão publicar um violento manifesto intitulado «Bofetada
ao Gosto Público», que fará sensação: «Só nós somos
o rosto do nosso tempo... o passado é tacanho. A Academia
e Puchkine são mais incompreensíveis do que os
hierógiifos!»
A força de aplicar à letra o princípio de Cézanne,
que pretende que se geometrize tudo, Malevitch
apercebe-se de que quanto mais desenvolve esta análise
geométrica e quanto mais as obras que daí resultam
explodem, mais elas se tornam abstractas.
................................................................................
Gilles Néret
Kazimir Malevitch
1878-1935
eo Suprematismo
Taschen
quarta-feira, setembro 26, 2007
segunda-feira, setembro 24, 2007
domingo, setembro 23, 2007
Marcel Marceau
O mímico francês Marcel Marceau, conhecido em particular pelo seu personagem Bip, inspirado em Charlie Chaplin, morreu hoje aos 84 anos, anunciou fonte da sua família.
Marceau, cujas circunstâncias de falecimento não foram reveladas pela família, será sepultado nos próximos dias no cemitério parisiense Père Lachaise.
O actor, nascido em Estrasburgo em 22 de Março de 1923, tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados Unidos onde o seu movimento da "marcha contra o vento" marcou uma revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo "Moonwalk", de Michael Jackson.
O seu nome de família original era Mangel, mas Marceu alterou o apelido para escapar durante a Segunda Guerra Mundial à perseguição aos judeus pelos nazis, que em 1944 assassinaram o seu pai, deportado para o campo de concentração de Auschwitz.
Desde pequeno que admirava os "artistas silenciosos" do cinema mudo como Charlie Chaplin, Buster Keaton ou Harry Langdon, os quais se esforçou por imitar, inspirando-se ainda nos palhaços da Commedia dell'Arte e nos gestos estilizados da representação teatral chinesa.
Ingressou na escola de arte dramática Charles Dullin, em 1946, onde travou uma relação especial com o professor Etienne Decroux e um ano mais tarde criou o personagem Bip, um ser marcado pela sensibilidade e pela poesia que lhe permitiu explorar a sociedade moderna concentrando-se na sua dimensão trágica.
No cinema trabalhou com o director Roger Vadim em "Barbarella" (1968) e com Mel Brooks em "A Última Loucura" (1976), duas fitas que ainda contribuíram mais para a sua fama internacional.
O grande mímico francês afirmava que "a palavra não é necessária para exprimir o que se sente no coração". Reconhecido pela sua versatilidade teatral, o artista foi nomeado Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.
Em 2005, aos 82 anos, Marceau fez uma digressão de despedida pela América Latina, passando por Cuba, Colômbia, Chile e Brasil.
in Expresso
Marceau, cujas circunstâncias de falecimento não foram reveladas pela família, será sepultado nos próximos dias no cemitério parisiense Père Lachaise.
O actor, nascido em Estrasburgo em 22 de Março de 1923, tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados Unidos onde o seu movimento da "marcha contra o vento" marcou uma revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo "Moonwalk", de Michael Jackson.
O seu nome de família original era Mangel, mas Marceu alterou o apelido para escapar durante a Segunda Guerra Mundial à perseguição aos judeus pelos nazis, que em 1944 assassinaram o seu pai, deportado para o campo de concentração de Auschwitz.
Desde pequeno que admirava os "artistas silenciosos" do cinema mudo como Charlie Chaplin, Buster Keaton ou Harry Langdon, os quais se esforçou por imitar, inspirando-se ainda nos palhaços da Commedia dell'Arte e nos gestos estilizados da representação teatral chinesa.
Ingressou na escola de arte dramática Charles Dullin, em 1946, onde travou uma relação especial com o professor Etienne Decroux e um ano mais tarde criou o personagem Bip, um ser marcado pela sensibilidade e pela poesia que lhe permitiu explorar a sociedade moderna concentrando-se na sua dimensão trágica.
No cinema trabalhou com o director Roger Vadim em "Barbarella" (1968) e com Mel Brooks em "A Última Loucura" (1976), duas fitas que ainda contribuíram mais para a sua fama internacional.
O grande mímico francês afirmava que "a palavra não é necessária para exprimir o que se sente no coração". Reconhecido pela sua versatilidade teatral, o artista foi nomeado Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.
Em 2005, aos 82 anos, Marceau fez uma digressão de despedida pela América Latina, passando por Cuba, Colômbia, Chile e Brasil.
in Expresso
quarta-feira, setembro 19, 2007
Meteorito
Sciences
Plus de panique que de mal au Pérou après la chute d'une météorite
Des scientifiques ont écarté tout risque de radiation lié à la chute d'une météorite près de Caranca (sud-est), un petit village du Pérou, alors qu'une soudaine recrudescence de cas de nausées et de maux de tête au sein de la population a provoqué un vent de panique.
"Nous avons pu observer, grâce à des équipements de précision, qu'il n'y a aucune radioactivité", a déclaré à l'AFP Renan Ramirez, ingénieur de l'Institut péruvien de l'énergie nucléaire (IPEN), qui s'est rendu sur les lieux de l'impact qui s'est produit samedi près de Caranca, un petit village du département de Puno (sud-est), à quelques encablures de la frontière avec la Bolivie.
Depuis, au moins 200 personnes, affectées par divers troubles somatiques, tels que nausées et vomissements, ont requis des soins médicaux, a déclaré Nestor Quispe, le maire de la ville voisine de Desaguadero.
Selon Renan Ramirez, les malaises ont peut-être pour origine le dégagement de gaz tels que des sulfures, de l'arsenic et autres éléments toxiques produits par la collision.
"Il s'agit d'un météore conventionnel qui au moment du choc a engendré des gaz par la fusion avec des éléments terrestre", a précisé M. Ramirez.
Ces affections semblaient en effet provoquées par une "étrange odeur" émanant du cratère de 30 mètres de diamètre et 6 mètres de profondeur laissé par la météorite, a déclaré Jorge Lopez, directeur départemental de la santé, à la radio péruvienne RPP.
"De l'eau bouillante a commencé à sortir du cratère et on a trouvé des particules de roche et de la cendre aux alentours. Les riverains sont très préoccupés", a-t-il affirmé.
D'autant que sept policiers, qui s'étaient rendus sur place, avaient à leur tour manifesté des troubles similaires, avant d'être placés sous assistance respiratoire et hospitalisés.
A l'approche des lieux, M. Jorge Lopez a dit avoir personnellement ressenti une irritation du pharynx et des picotements dans les fosses nasales en dépit de son masque de protection.
Aucun cas d'affection grave n'a jusque-là été constaté, a assuré M. Lopez en signalant qu'un poste médical avait été spécialement ouvert à Caranca, et prévenu que les personnes affectées seraient examinées d'ici trois à six mois, par précaution.
La météorite, en s'écrasant, a également provoqué un tremblement de terre et un début de panique dans cette région rurale. Des témoins de la chute de la météorite ont raconté avoir vu une "boule de feu dans le ciel", pensant à un avion en flammes, une hypothèse rapidement exclue par les autorités.
L'ingénieur Ramirez a également écarté l'idée que l'objet puisse être un satellite qui n'aurait pas manqué d'émettre alors des "radiations et de contaminer la zone".
"En Caranca, on panique, il y a une grande peur car les habitants ont peur que d'autres objets puissent encore tomber de l'espace", a affirmé M. Quispe à l'AFP, ajoutant que les paysans redoutaient des séquelles et se plaignaient de rougeurs cutanées.
Selon le maire de Desaguadero, des agriculteurs des environs ont constaté que le bétail et la volaille présentaient "un comportement étrange et ne voulaient pas manger".
Quant aux autorités de l'Institut géophysique de l'Université de San Agustin de Arequipa, département voisin de Puno, elles ont demandé à la population de conserver son calme, soulignant qu'une situation de psychose collective risquait surtout d'émerger.
http://tempsreel.nouvelobs.com/depeches/sciences/20070919.SCI2233/plus_de_panique_que_de_mal_au_perou_apres_la_chute_dune.html
Plus de panique que de mal au Pérou après la chute d'une météorite
Des scientifiques ont écarté tout risque de radiation lié à la chute d'une météorite près de Caranca (sud-est), un petit village du Pérou, alors qu'une soudaine recrudescence de cas de nausées et de maux de tête au sein de la population a provoqué un vent de panique.
"Nous avons pu observer, grâce à des équipements de précision, qu'il n'y a aucune radioactivité", a déclaré à l'AFP Renan Ramirez, ingénieur de l'Institut péruvien de l'énergie nucléaire (IPEN), qui s'est rendu sur les lieux de l'impact qui s'est produit samedi près de Caranca, un petit village du département de Puno (sud-est), à quelques encablures de la frontière avec la Bolivie.
Depuis, au moins 200 personnes, affectées par divers troubles somatiques, tels que nausées et vomissements, ont requis des soins médicaux, a déclaré Nestor Quispe, le maire de la ville voisine de Desaguadero.
Selon Renan Ramirez, les malaises ont peut-être pour origine le dégagement de gaz tels que des sulfures, de l'arsenic et autres éléments toxiques produits par la collision.
"Il s'agit d'un météore conventionnel qui au moment du choc a engendré des gaz par la fusion avec des éléments terrestre", a précisé M. Ramirez.
Ces affections semblaient en effet provoquées par une "étrange odeur" émanant du cratère de 30 mètres de diamètre et 6 mètres de profondeur laissé par la météorite, a déclaré Jorge Lopez, directeur départemental de la santé, à la radio péruvienne RPP.
"De l'eau bouillante a commencé à sortir du cratère et on a trouvé des particules de roche et de la cendre aux alentours. Les riverains sont très préoccupés", a-t-il affirmé.
D'autant que sept policiers, qui s'étaient rendus sur place, avaient à leur tour manifesté des troubles similaires, avant d'être placés sous assistance respiratoire et hospitalisés.
A l'approche des lieux, M. Jorge Lopez a dit avoir personnellement ressenti une irritation du pharynx et des picotements dans les fosses nasales en dépit de son masque de protection.
Aucun cas d'affection grave n'a jusque-là été constaté, a assuré M. Lopez en signalant qu'un poste médical avait été spécialement ouvert à Caranca, et prévenu que les personnes affectées seraient examinées d'ici trois à six mois, par précaution.
La météorite, en s'écrasant, a également provoqué un tremblement de terre et un début de panique dans cette région rurale. Des témoins de la chute de la météorite ont raconté avoir vu une "boule de feu dans le ciel", pensant à un avion en flammes, une hypothèse rapidement exclue par les autorités.
L'ingénieur Ramirez a également écarté l'idée que l'objet puisse être un satellite qui n'aurait pas manqué d'émettre alors des "radiations et de contaminer la zone".
"En Caranca, on panique, il y a une grande peur car les habitants ont peur que d'autres objets puissent encore tomber de l'espace", a affirmé M. Quispe à l'AFP, ajoutant que les paysans redoutaient des séquelles et se plaignaient de rougeurs cutanées.
Selon le maire de Desaguadero, des agriculteurs des environs ont constaté que le bétail et la volaille présentaient "un comportement étrange et ne voulaient pas manger".
Quant aux autorités de l'Institut géophysique de l'Université de San Agustin de Arequipa, département voisin de Puno, elles ont demandé à la population de conserver son calme, soulignant qu'une situation de psychose collective risquait surtout d'émerger.
http://tempsreel.nouvelobs.com/depeches/sciences/20070919.SCI2233/plus_de_panique_que_de_mal_au_perou_apres_la_chute_dune.html
domingo, setembro 16, 2007
quinta-feira, setembro 13, 2007
terça-feira, setembro 11, 2007
Cozido alentejano
Cozido à alentejana
Numa panela grande e com três litros de água temperada com sal ponha a cozer as seguintes carnes de porco; um joelho ou chispe, duas orelhas, dois rabos,
alguns ossos da suã, um quilo de entrecosto e meio quilo de toucinho alto. Deixe ferver e cozer bem.
Faça um molho de cheiros com salsa, louro e tomilho. Descasque uma cebola e pique-a com dois cravinhos, em capela. Meta na panela onde estão a cozer as carnes e
deite alguns grãos de pimenta preta. Deixe ferver a fogo lento. Vá tendo atenção à espuma que se vai formando à superfície a qual deverá retirar com uma escumadeira. Enquanto deixa cozer as carnes vá arranjando os legumes que devem ser os seguintes: três cenouras peladas inteiras, três nabos pelados e inteiros e um couve verde partida em quatro partes. De véspera deverá pôr de molho um litro de grãos e no dia do cozido deverá esfregá-Ios com sal grosso para lhes tirar a pele. Meta os grãos a cozer com a carne e passados quarenta e cinco minutos de ter posto os grãos, junte os legumes e deixe cozer até que fiquem prontos. Deve utilizar uma panela grande porque tudo tem que ser cozido junto no mesmo recipiente, menos as carnes ensacadas que, para não transmitirem mau gosto por causa da tripa onde são cheias,devem ser cozidas separadamente. Os enchidos que deverá cozer são farinheira, morcela e chouriço. Sirva em travessa com as carnes partidas e os legumes inteiros.
Cozinha Alentejana, Alfredo Saramago | Manuel Fialho
Assírio & Alvim
Numa panela grande e com três litros de água temperada com sal ponha a cozer as seguintes carnes de porco; um joelho ou chispe, duas orelhas, dois rabos,
alguns ossos da suã, um quilo de entrecosto e meio quilo de toucinho alto. Deixe ferver e cozer bem.
Faça um molho de cheiros com salsa, louro e tomilho. Descasque uma cebola e pique-a com dois cravinhos, em capela. Meta na panela onde estão a cozer as carnes e
deite alguns grãos de pimenta preta. Deixe ferver a fogo lento. Vá tendo atenção à espuma que se vai formando à superfície a qual deverá retirar com uma escumadeira. Enquanto deixa cozer as carnes vá arranjando os legumes que devem ser os seguintes: três cenouras peladas inteiras, três nabos pelados e inteiros e um couve verde partida em quatro partes. De véspera deverá pôr de molho um litro de grãos e no dia do cozido deverá esfregá-Ios com sal grosso para lhes tirar a pele. Meta os grãos a cozer com a carne e passados quarenta e cinco minutos de ter posto os grãos, junte os legumes e deixe cozer até que fiquem prontos. Deve utilizar uma panela grande porque tudo tem que ser cozido junto no mesmo recipiente, menos as carnes ensacadas que, para não transmitirem mau gosto por causa da tripa onde são cheias,devem ser cozidas separadamente. Os enchidos que deverá cozer são farinheira, morcela e chouriço. Sirva em travessa com as carnes partidas e os legumes inteiros.
Cozinha Alentejana, Alfredo Saramago | Manuel Fialho
Assírio & Alvim
Mark Twain
CAPITULO XI
Cerca do meio-dia, toda a aldeia ficou subitamente electrizada com a horrível notícia. Não foi preciso para nada o ainda nem sonhado telégrafo: a história voou de
homem em homem, de grupo em grupo, de casa em casa, com uma velocidade que não ficou a dever nada àtelegráfica. Claro que o professor não deu aula de tarde; a aldeia ficaria a fazer uma triste ideia dele se assim não procedesse. Tinha sido encontrada uma faca ensanguentada junto do homem assassinado e alguém a identificara como pertencendo a Muff Potter - era isso pelo menos, o que se dizia. E dizia-se também que um cidadão noctívago encontrara Potter a lavar-se no regato, cerca da uma ou duas horas da manhã, e que Potter batera imediatamente em retirada - circunstâncias suspeitas, sobretudo a lavagem, que não estava nada nos hábitos de Potter. Dizia-se também que a aldeia fora passada a pente fino, à procura do referido «assassino»(o público não é lento quando se trata de joeirar indícios e pronunciar um veredicto), mas que não fora encontrado. Tinham partido homens a cavalo por todas as estradas e em todas as direcções e o xerife estava convencido de que ele seria apanhado antes de anoitecer.
Toda a aldeia ia a caminho do cemitério. O sofrimento de Tom deu-lhe momentâneas tréguas e ele juntou-se ao cortejo, não porque não preferisse mil vezes ir a qualquer outro lado, mas sim porque o atraía uma terrível e inexplicável fascinação. Chegado ao pavoroso local, foi insinuando o corpo miúdo através da
multidão, até ver o horrível espectáculo. Pareceu-lhe que decorrera um século desde a última vez que ali estivera. Sentiu um beliscão no braço, virou-se e os seus
olhos encontraram os de Huckleberry. Depois olharam ambos para outro lado ao mesmo tempo, perguntando a si mesmos se alguém notara alguma coisa no seu olhar
mútuo. Mas estava toda a gente a falar e atenta ao sinistro espectáculo que tinha à frente.
«Pobre tipo!» «Pobre rapaz!» «Que isto sirva de
lição aos ladrões de sepulturas!» «Isto valerá a forca ao
Muff Potter, se o apanharem!» Era este o tom geral das
observações. Só o pastor se pronunciou de modo um
pouco diferente: «Foi um julgamento. A mão d'Ele está
aqui.»
Tom estremeceu dos pés à cabeça, pois os seus olhos
acabavam de se deter no rosto impassível do índio
Joe. No mesmo instante, a multidão começou a
novimentar-se e a empurrar-se, enquanto vozes
gritavam:
- É ele! É ele! Veio cá ele próprio!
E vinte outras vozes perguntaram:
- Quem? Quem?
- Muff Potter!
- Olhem, parou! Cuidado, vai arrepiar caminho!
Não o deixem fugir!
Umas pessoas que estavam empoleiradas nos ramos
das árvores, por cima da cabeça de Tom, disseram que
ele não pretendia fugir; estava apenas hesitante e
perplexo.
- Que grande atrevimento! - exclamou um especta-
dor. - Decidiu vir ver pessoalmente a sua obra e não
esperava encontrar ninguém.
A multidão abriu caminho e o xerife passou, apara-
tosamente, conduzindo Potter pelo braço. O rosto do
pobre diabo estava desfigurado e os seus olhos denun-
ciavam o medo que o possuía. Quando se viu diante do
homem assassinado, desatou a tremer como se estivesse
com um ataque, ocultou o rosto nas mãos e rompeu em
pranto.
-Não fui eu, amigos-soluçou.-Dou a minha pa-
lavra de honra que não fui eu.
- Quem te acusou? - gritou uma voz.
As Aventuras de Tom Sawyer
Mark Twain
194lb livros de bolso europa américa
Cerca do meio-dia, toda a aldeia ficou subitamente electrizada com a horrível notícia. Não foi preciso para nada o ainda nem sonhado telégrafo: a história voou de
homem em homem, de grupo em grupo, de casa em casa, com uma velocidade que não ficou a dever nada àtelegráfica. Claro que o professor não deu aula de tarde; a aldeia ficaria a fazer uma triste ideia dele se assim não procedesse. Tinha sido encontrada uma faca ensanguentada junto do homem assassinado e alguém a identificara como pertencendo a Muff Potter - era isso pelo menos, o que se dizia. E dizia-se também que um cidadão noctívago encontrara Potter a lavar-se no regato, cerca da uma ou duas horas da manhã, e que Potter batera imediatamente em retirada - circunstâncias suspeitas, sobretudo a lavagem, que não estava nada nos hábitos de Potter. Dizia-se também que a aldeia fora passada a pente fino, à procura do referido «assassino»(o público não é lento quando se trata de joeirar indícios e pronunciar um veredicto), mas que não fora encontrado. Tinham partido homens a cavalo por todas as estradas e em todas as direcções e o xerife estava convencido de que ele seria apanhado antes de anoitecer.
Toda a aldeia ia a caminho do cemitério. O sofrimento de Tom deu-lhe momentâneas tréguas e ele juntou-se ao cortejo, não porque não preferisse mil vezes ir a qualquer outro lado, mas sim porque o atraía uma terrível e inexplicável fascinação. Chegado ao pavoroso local, foi insinuando o corpo miúdo através da
multidão, até ver o horrível espectáculo. Pareceu-lhe que decorrera um século desde a última vez que ali estivera. Sentiu um beliscão no braço, virou-se e os seus
olhos encontraram os de Huckleberry. Depois olharam ambos para outro lado ao mesmo tempo, perguntando a si mesmos se alguém notara alguma coisa no seu olhar
mútuo. Mas estava toda a gente a falar e atenta ao sinistro espectáculo que tinha à frente.
«Pobre tipo!» «Pobre rapaz!» «Que isto sirva de
lição aos ladrões de sepulturas!» «Isto valerá a forca ao
Muff Potter, se o apanharem!» Era este o tom geral das
observações. Só o pastor se pronunciou de modo um
pouco diferente: «Foi um julgamento. A mão d'Ele está
aqui.»
Tom estremeceu dos pés à cabeça, pois os seus olhos
acabavam de se deter no rosto impassível do índio
Joe. No mesmo instante, a multidão começou a
novimentar-se e a empurrar-se, enquanto vozes
gritavam:
- É ele! É ele! Veio cá ele próprio!
E vinte outras vozes perguntaram:
- Quem? Quem?
- Muff Potter!
- Olhem, parou! Cuidado, vai arrepiar caminho!
Não o deixem fugir!
Umas pessoas que estavam empoleiradas nos ramos
das árvores, por cima da cabeça de Tom, disseram que
ele não pretendia fugir; estava apenas hesitante e
perplexo.
- Que grande atrevimento! - exclamou um especta-
dor. - Decidiu vir ver pessoalmente a sua obra e não
esperava encontrar ninguém.
A multidão abriu caminho e o xerife passou, apara-
tosamente, conduzindo Potter pelo braço. O rosto do
pobre diabo estava desfigurado e os seus olhos denun-
ciavam o medo que o possuía. Quando se viu diante do
homem assassinado, desatou a tremer como se estivesse
com um ataque, ocultou o rosto nas mãos e rompeu em
pranto.
-Não fui eu, amigos-soluçou.-Dou a minha pa-
lavra de honra que não fui eu.
- Quem te acusou? - gritou uma voz.
As Aventuras de Tom Sawyer
Mark Twain
194lb livros de bolso europa américa
domingo, setembro 09, 2007
José Oliveira
PEQUENA SONATA PARA TARKOVSKI
(In Memoriam Andrej Arsenievic Tarkovkij)
Tema
Acordaste com a sombra de um pássaro sobre o coração.
Esse pássaro estava doente mas não deste por isso.
Talvez estivesse cego. Assim o fizeste para a luz.
Para as apagadas linhas dos ícones cobertos pelo nevoeiro.
Primeiro andamento
Andrej um deus constrói-se devagar,
com velas e crianças habitando seu corpo:
ermida de águas incontidas ou vazias, devastado templo,
tua casa.
Interroga o Seu silêncio na ruína das catedrais
na sombra verde de um pássaro
na terra interdita que te recebe agora para a
sublime revelação do absoluto.
Segue esse mapa com as rotas da morte; segue-o
até aos limites da Grande Mãe Rússia esse útero onde nascem
as aves e de onde partem para uma viagem sem regresso.
Ivan, foi há quantos anos? o lago o silêncio a guerra,
quase de certeza.
Ainda conservas o fogo que te ofereci nos anos?
A encenação do delírio essa pequena música tombando
gota a gota sobre a imagem do corpo.
Esse corpo tombando sobre a rua, calcinado. Assim aprende
um homem a arte do incêndio.
Segundo andamento
Era um quarto amplo. No centro uma cama. Sobre ela toda a
memória da terra. Mutilada infância.
Irás nesse quarto amar a mulher que perdeste há longos anos:
a mãe a amante a face de Deus.
Será porventura tarde: estará morta. De frio, de cancro,
de nostalgia. Ainda apareceu um cão, mas nada pôde fazer.
Depois veio a chuva. Invadiu todo o espaço, alagou os lençóis
e os corpos purificados, as sombras desvairadas a piscina
bíblico território tão perto da loucura
ou seja, do fim.
A perfeição uma porta interior que se abre para a terra
para a memória para o desgosto para a luz.
Ou talvez para o exílio. O lento e vibrante exílio dos homens.
Terceiro andamento
Entretanto, discreta, ela veio e rente cortou uma a uma
as raízes, esses rios oblíquos.
Ainda tiveste tempo de enterrar os ícones
de os devolver à «humilde Terra-Mãe».
Mas o sangue, o legítimo sangue russo, esse irá alimentar
os pássaros durante o inverno.
Partiste pelo de fim de Dezembro. Não te consentiram os deuses
maior vida.
Por isso agora sobre a neve duas rosas geladas
um cantochão uma cruz pouco nítida.
Ao fundo sob o nevoeiro a velha casa deserta - a pátria.
Não voltarei a essa casa. Esgotada sombra.
Andrej repara conservo ainda a vela com que atravessei
a piscina. O frio o vento o silêncio.
Leva-me contigo. Leva-me Andrej.
José Oliveira
Melancolismos
Edições Inapa
(In Memoriam Andrej Arsenievic Tarkovkij)
Tema
Acordaste com a sombra de um pássaro sobre o coração.
Esse pássaro estava doente mas não deste por isso.
Talvez estivesse cego. Assim o fizeste para a luz.
Para as apagadas linhas dos ícones cobertos pelo nevoeiro.
Primeiro andamento
Andrej um deus constrói-se devagar,
com velas e crianças habitando seu corpo:
ermida de águas incontidas ou vazias, devastado templo,
tua casa.
Interroga o Seu silêncio na ruína das catedrais
na sombra verde de um pássaro
na terra interdita que te recebe agora para a
sublime revelação do absoluto.
Segue esse mapa com as rotas da morte; segue-o
até aos limites da Grande Mãe Rússia esse útero onde nascem
as aves e de onde partem para uma viagem sem regresso.
Ivan, foi há quantos anos? o lago o silêncio a guerra,
quase de certeza.
Ainda conservas o fogo que te ofereci nos anos?
A encenação do delírio essa pequena música tombando
gota a gota sobre a imagem do corpo.
Esse corpo tombando sobre a rua, calcinado. Assim aprende
um homem a arte do incêndio.
Segundo andamento
Era um quarto amplo. No centro uma cama. Sobre ela toda a
memória da terra. Mutilada infância.
Irás nesse quarto amar a mulher que perdeste há longos anos:
a mãe a amante a face de Deus.
Será porventura tarde: estará morta. De frio, de cancro,
de nostalgia. Ainda apareceu um cão, mas nada pôde fazer.
Depois veio a chuva. Invadiu todo o espaço, alagou os lençóis
e os corpos purificados, as sombras desvairadas a piscina
bíblico território tão perto da loucura
ou seja, do fim.
A perfeição uma porta interior que se abre para a terra
para a memória para o desgosto para a luz.
Ou talvez para o exílio. O lento e vibrante exílio dos homens.
Terceiro andamento
Entretanto, discreta, ela veio e rente cortou uma a uma
as raízes, esses rios oblíquos.
Ainda tiveste tempo de enterrar os ícones
de os devolver à «humilde Terra-Mãe».
Mas o sangue, o legítimo sangue russo, esse irá alimentar
os pássaros durante o inverno.
Partiste pelo de fim de Dezembro. Não te consentiram os deuses
maior vida.
Por isso agora sobre a neve duas rosas geladas
um cantochão uma cruz pouco nítida.
Ao fundo sob o nevoeiro a velha casa deserta - a pátria.
Não voltarei a essa casa. Esgotada sombra.
Andrej repara conservo ainda a vela com que atravessei
a piscina. O frio o vento o silêncio.
Leva-me contigo. Leva-me Andrej.
José Oliveira
Melancolismos
Edições Inapa
sábado, setembro 08, 2007
Banda do Casaco - Morgadinha Dos Canibais
|
Morgadinha quem te disse a ti
Que a tua terra era um jardim
Cheirando a erva e alecrim?
Enganou-te
Trocou-te a gramática
Virou-te a fonética
Que a tua terra
Não cheira assim
Tonicha - Fui Ter Com A Madrugada
quinta-feira, setembro 06, 2007
Alberto Caeiro
Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm ideias sobre o mundo?
Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as
cousas
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
Sei que a pedra é real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, «é uma pedra»,
Digo da planta, «é uma planta»,
Digo de mim, «sou eu».
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?
ALBERTO CAEIRO
Poemas Inconjuntos
POESIA
edição
Fernando Cabral Martins
Richard Zenith
Obras de Fernando Pessoa
Assírio & Alvim
2001
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes.
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm ideias sobre o mundo?
Sim: há diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as
cousas
Só me obriga a ser consciente.
Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.
Ter consciência é mais que ter cor?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.
Sei que a pedra é real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.
Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.
Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;
E as plantas são plantas só, e não pensadores.
Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,
Como que sou inferior.
Mas não digo isso: digo da pedra, «é uma pedra»,
Digo da planta, «é uma planta»,
Digo de mim, «sou eu».
E não digo mais nada. Que mais há a dizer?
ALBERTO CAEIRO
Poemas Inconjuntos
POESIA
edição
Fernando Cabral Martins
Richard Zenith
Obras de Fernando Pessoa
Assírio & Alvim
2001
terça-feira, setembro 04, 2007
segunda-feira, setembro 03, 2007
domingo, setembro 02, 2007
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