quarta-feira, maio 16, 2007

Arqueologias



Sopa a antiga portugueza.

Cozam-se conjunctamente com a carne, feijões
brancos e olhos de couves, e, emquanto que isto
se faz, tostem-se com o maior cuidado algumas fa-
tias de pão da vespera, que, acamadas n'uma ter-
rina, receberão depois o caldo, o qual deverá pas-
sar por uma peneira. Tanto os feijões, como os
olhos das couves são depois juntos ao caldo e pão.
Sirva-se em seguida.

Sopa de frade

Cortem-se algumas fatias de pão da vespera,
envolvam-se em manteiga de vacca, frijam-se com
cuidado, colloquem-se na terrina, deite-se-lhes em
cima caldo de carne com quaesquer legumes, po-
nha-se de novo ao lume até levantar fervura, e
sirva-se depois.

Sopa suissa

Tomem-se algumas fatias de bom queijo, es-
tendam-se n'uma cassarola, deite-se por cima das
fatias uma pequena porção de manteiga de vacca,
colloque-se por cima do queijo uma outra série de
fatias de pão tostado, torne a collocar-se, sobre es-
tas, novas fatias de queijo e outra tanta manteiga
de vacca, bem como, por cima d'estas, outra por-
ção de fatias de pão torrado, e assim successiva-
mente, até que a ultima camada seja composta de
fatias de queijo, com uma nova porção de man-
teiga: e depois de tudo isto disposto pela fórma
indicada, deite-se em seguida, dentro da cassarola
e molhe-se com caldo de carne, deixando-se es-
tar ao lume, até tostar a sopa, e o caldo evapo-
rar-se.
No acto de servir-se, deverá deitar-se uma nova
porção de caldo, e uma pitada de pimenta.

Manual de Cosinha
Imprensa de Lucas Evangelista Torres
Lisboa
1892

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