O Domesticador e o Falcão
Eu que pensava ser tão duro,
Mas, domado pelas tuas mãos,
Não consigo ser assim veloz
Ao voar para ti e mostrar
Que quando parto, parto
Às tuas ordens.
Até voando lá no alto
Já não sou livre;
Selaste-me com o teu amor,
Cegaste-me para as outras aves...
O hábito das tuas palavras
Vendou-me.
Como antigamente, rodo,
Pairo e volteio,
Mas apenas quero a sensação,
No meu espírito possessivo,
quem captura e é capturado
Sobre o teu pulso.
Tu, que és quase ignorante,
Ensinas-me desta maneira.
Por ter apenas olhos
Para ti, receio tudo perder,
Eu que perco para conservar e escolho
O domesticador como presa.
Thom Gunn
A Destruição do Nada
Relógio d´Água
1993
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