segunda-feira, janeiro 07, 2008

Letra E: Edgar Allan Poe

ANNABEL LEE

It was many and many a year ago,
In a Kingdom by the sea,
That a maiden there lived whom you may know
By the name of Annabel Lee;-
And this maiden she lived with no other thought
Than to lave and be loved by me.

She was a child and I was a child,
In this kingdom by the sea,
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee-
With a love that the winged seraphs of Heaven
Coveted her and me.

And this was the reason that, long ago,
In this kingdom by the sea,
A wind blew out of a cloud by night
Chilling my Annabel Lee;
So that her highborn kinsmen came
And bore her away from me,
To shut her up in a sepulchre
In this kingdom by the sea.

The angels, not half so happy in Heaven,
Went envying her and me;-
Yes! that was the reason (as all men know
In this kingdom by the sea)
That the wind came out of a cloud, chilling
And killing my Annabel Lee,
But our love it was stonger by far than the love
Of those who were older than we-
Of many far wiser than we-
And neither the angels in Heaven above
Nor the demons down under the sea
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabel Lee:-

For the moon never beams without bringing me
[dreams
Of the beautiful Annabel Lee;
And the stars never rise but I see the bright eyes
Of the beautiful Annabel Lee;
And so, all the night-tide, I lie down by the side
Of my darling, my darling, my lite and my bride,
In her sepulcre there by the sea-
In her tomb by the side of the sea.

Edgar Allan Poe
O corvo e outros poemas
Tradução de Fernando Pessoa
4ª edição
ulmeiro


I

No mais verdejante dos nossos vales,
Pelos anjos bons habitado.
Outrora um belo e majestoso palácio,
Um palácio resplandecente - erguia a sua frontaria,
Ficava nos domínios do monarca Pensamento,
Era aí que se erguia:
Jamais Serafim desdobrou a sua asa
Sobre um edifício só metade tão belo.

II

Pendões louros, soberbos, dourados,
No seu zimbório flutuavam e ondulavam;
(Passava-se - tudo isto, passava-se no antigo
No tempo muito antigo.)
E, a cada brisa suave que aparecia
Naqueles dias calmos
Ao longo das muralhas felpudas e pálidas,
Evolava-se um perfume alado,

III

Os viajantes, naquele vale feliz,
Através de duas janelas luminosas, viam
Espíritos que se moviam harmoniosamente
Sob o comando dum alaúde bem afinado,
Em redor dum trono onde, tomando assento
- Um verdadeiro Porfirogeneta, aquele! -
Num aparato digno da sua glória,
Aparecia o senhor do reino.

IV

E toda rebrilhante de nácar e de rubis
Era a porta do belo palácio,
Pela qual corria em torrente, em torrente,
E espumava incessantemente
Uma multidão de Ecos cuja agradável função
Era simplesmente cantar,
Com acentos duma beleza delicada,
O espírito e a prudência do seu rei,

V

Mas seres de desgraça, em vestes de luto,
Acometeram a alta autoridade do monarca.
- Ah! choremos! porque jamais a alva dum dia seguinte
Brilhará sobre ele, o desolado!-
E, em todo o redor da morada, a glória
Que se purpureava e florescia
Já não passa duma história, recordação tenebrosa
Das velhas eras defuntas.

VI

E agora os viajantes naquele vale,
Através das janelas avermelhadas vêem
Formas imensas que se movem fantasticamente
Aos sons duma música discordante;
Ao passo que, como um ribeiro rápido e lúgubre,
Através da porta pálida,
Uma multidão hedionda se arrasta eternamente,
Rebentando de riso - já não podendo sorrir,

Edgar Allan Poe
A queda da casa de Ulster
A queda da casa de Ulster e outras histórias
Tradução de João Costa
Livros Unibolso



Tu eras tudo isso para mim, meu amor,
Tudo por quanto a minha alma enlanguescia,
Uma ilha verde no mar, meu amor,

Uma fonte e um altar
Todos engrinaldados de frutas e de flores maravilhosas,
E todas as flores eram minhas.

Ah! sonho demasiado brilhante para durar!
Ah! esperança estrelada que só te erguias
Para seres obscurecida!
Uma voz vinda do futuro ri
"Para diante!" mas sobre o passado
(Abismo profundo) o meu espírito paira
Mudo, imóvel, consternado.

Porque ai de mim! ai de mim! para mim
A luz da vida acabou.
"Nunca mais, nunca mais, nunca mais"
(Uma tal linguagem prende o mar solene
Às areias da margem)
Não florirá árvore devastada pelo raio
Ou não levantará voo a águia atingida.

Agora todas as minhas horas são êxtase
E todos os meus sonhos de noite
Estão ali onde fita o olhar sombrio,
E onde o pé brilha
Nestas danças etéreas
Nas margens destes rios italianos.

Ai de mim! neste tempo maldito,
Transportaram-te sobre a vaga
Longe do amor para a velhice honorífica e o crime
E uma travesseira sacrílega
Longe de mim, e longe do nosso clima brumoso
Onde chora o salgueiro de prata.

Edgar Allan Poe
O Encontro
A queda da casa de Ulster e outras histórias
Tradução de João Costa
Livros Unibolso

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