CINCO VISITAS AO PÁSSARO-DA-MORTE
ANZOL
Ao fim da tarde, o cardume desagrega-se. Inteiro,
procuro reunir os meus pedaços. É a sensatez
de não abandonar o, esconderijo, a prudência com
que a ave canora evita o pássaro-da-morte.
Porém, noites há que me rebentam nos ouvidos.
Todas as experiências, todos os bocados de papel.
Um anzol à minha espera, a cidade é paciente, não
perdoa. Tem a astúcia da ave de rapina.
Bem sei: na vida, o primeiro golpe de génio
acontece no momento em que avaliamos
as nossas limitações. Mas, por muito calculistas
que sejamos, podemos realmente conhecer-nos
quando o abrigo se torna insuportável.
Vítor Nogueira
Telhados de Vidro
N.º 3
Novembro 2004
Sem comentários:
Enviar um comentário